Argos, nova coleção de inverno 2022 da Neriage, é uma navegação ou um vôo pelos significados e não significados das palavras e a importância de nos libertarmos dos conceitos que conhecemos. Não de modo a anulá-los, mas sobrepô-los, “assim como o Argonauta que renova seu navio durante a viagem, sem lhe mudar o nome.” (Roland Barthes)
O poeta brasileiro Manoel de Barros (Cuiabá, 1916- 2014) dizia que as coisas que não existem são mais bonitas, e que quando nos prendemos ao significado das palavras, assassinamos a pureza e a infinita possibilidade das coisas do mundo.
“No descomeço era o verbo, só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava ali no começo, onde a criança diz ‘eu escuto a cor dos passarinhos.’ A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos
O verbo tem que pegar delírio.”
A obra